por Katia Matunaka Keiko Matunaga - Coordenação Pedagógica - Escola Viva
O que as crianças aprendem na escola durante a Educação Infantil? Como a escola contribui para a aprendizagem dos pequenos nos anos iniciais? Katia Keiko Matunaga, coordenadora da Escola Viva, explica sobre a importância da escola na primeira infância e como essa etapa influencia no desenvolvimento das crianças.
Por Katia Keiko Matunaga
Até 2018, uma das minhas funções era apresentar a escola para os pais de crianças a partir de 1 ano que desejavam matricular seus filhos na Educação Infantil. Uma pergunta recorrente era: “na sua opinião, qual é a idade certa para que a criança ingresse na escola?”. Lembro de uma visita, em que a mãe e a avó de uma futura aluna vieram juntas e a avó dizia: “coitadinha, tão cedo ir para a escola”. Conforme nossa conversa foi se desenrolando, e enquanto passeávamos pelo espaço e observávamos as crianças em atividade, pude perceber seu pesar se transformando em admiração. Quando finalizamos a visita, a mesma avó exclamou: “ela vai adorar a escola!”
Afinal, de que escola estamos falando? Ainda é forte no imaginário de alguns adultos a imagem da escola como um lugar de ritmos apenas coletivos. Uma escola em que o que predomina é o que a criança precisa aprender independente de quem ela é, dos seus desejos, da sua curiosidade, do seu próprio tempo e dos seus interesses.
Mas uma escola de educação infantil comprometida com os direitos de aprendizagem e com um ensino integral e contextualizado, tão bem expressos na Base Nacional Comum Curricular (BNCC), é um lugar em que a primeira infância pode ser preservada e vivida com toda sua força e potência. É um lugar onde as crianças “adoram” estar.
O que as crianças pequenas aprendem na escola?
Durante o período de adaptação, a primeira grande aprendizagem é a separação dos pais. Na Escola Viva, ela é conduzida pelos professores com muito cuidado e respeito. Estabelecer um vínculo afetivo com adultos que não são familiares para a criança é seu primeiro grande desafio. Quando isso está garantido, ela pode permanecer sozinha na escola. Sabe que seus pais voltam e, certa disso, pode circular com segurança nesse novo espaço, que guarda tantas possibilidades de aprendizagem e crescimento.
Ela irá encontrar diariamente atividades planejadas para que possa avançar no seu desenvolvimento motor, cognitivo e socioemocional.
A escola da criança pequena tem de ser esse lugar que propicia todo tipo de relação e experiências com o ambiente, com os materiais, com as múltiplas linguagens, com outras crianças e adultos. Ela deve ser o lugar da ampliação, possibilitada pelo olhar do professor apto a reconhecer e potencializar essa pesquisa do mundo. Ele será o responsável por planejar boas situações de aprendizagem, oferecer bons contextos de pesquisas e interação.
Como se aprende nos anos iniciais?
Até mais ou menos dois anos, a inteligência da criança é prática. Ela aprende na ação. Muitas vezes, os pais de crianças dessa faixa etária se referem aos seus filhos ou filhas, dizendo que eles “não param”. E “não parar” significa investigar, pesquisar, explorar, experimentar. Significa aprendizagem. Nem sempre, entretanto, a criança terá em casa, um ambiente propício para a aprendizagem. E nem sempre há um adulto que possa percorrer com ela esse caminho. Na escola, o professor é o adulto que garante esse ambiente e contextos propícios para essas experiências.
Aprender brincando: a principal ferramenta para aprender, nessa idade, é o corpo, e a principal linguagem é a brincadeira.
Mas afinal, qual é o melhor momento para ingressar na escola?
Quando a rotina e a dinâmica familiar privam a criança de convívio com os pares e não favorecem boas situações e experiências sobre as quais a criança possa construir conhecimento de si e do mundo, a escola será muito bem-vinda! Pode ser que isso aconteça com um, dois ou três anos. Seja quando for, nossa escola está preparada para trilhar com crianças e famílias um caminho de descobertas, crescimento e aprendizagem.
Katia Keiko Matunaga é pedagoga, coordenadora pedagógica da Educação Infantil, especialista em processos de escutas antropológicas das infâncias pela "A Casa Tombada - SP - FACON". Atua há mais de vinte anos na área da Educação e, na Escola Viva, é responsável pelas crianças de 1 a 4 anos. É membro do "A vez e a voz das crianças", coletivo integrado por educadores e que desenvolve ações, pesquisas e processos de escuta com crianças em contextos diversos.
Foi colaboradora nos livros: “A Arte de Brincar” – Adriana Friedmann - Ed. Scritta e “Brincar, Crescer e Aprender: O Resgate do Jogo Infantil”, Adriana Friedmann – Ed. Moderna .
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