por Violeta Lopez Annunziato e João Pedro Girardelli (Dido) - Grupo Laranja
O estudo do tema na proposta pedagógica é uma estratégia que garante que o grupo estabeleça uma forte ligação com o projeto.
A borboleta laranja que nasceu no Grupo Laranja.
A história da borboleta laranja que nasceu no Grupo Laranja - crianças de 3 a 4 anos de idade - Educação Infantil da Escola Viva - começou com o interesse das crianças pelo livro “Macaco Danado”. Daí, nasceram o tema, as perguntas, o casulo, os olhares curiosos… e a nossa borboleta.
Dessa forma, o processo ensino aprendizagem acontece de uma forma lúdica e divertida. A curiosidade é o fundamento da proposta construtivista.
A partir do interesse das crianças pelo livro “Macaco Danado” (Editora Brinque Book), principalmente pela personagem da borboleta, a leitura dessa história passou a ser mais requisitada pelo grupo. Então, a curiosidade das crianças pelo tema tomou caminhos deliciosos.
Durante as leituras, destacamos o fato de a borboleta ter lagartas como filhotes e também o fato de as lagartas serem diferentes das borboletas. A partir daí, foi despertada a curiosidade das crianças para saber mais sobre as lagartas, borboletas, casulos…
O tema também complementava a exploração do Grupo Laranja no Quintal da Escola. E quanta coisa há para ser descoberta no Quintal da Escola Viva.
Leia mais sobre isso no blog da Escola Viva - Escola é lugar de brincar!
Estávamos fazendo um ‘trabalho’ de observar e listar tudo o que víamos em cada um dos nossos quintais. Com uma lupa e um olhar aguçado de observador, vasculhamos o Bosque e o Quintal do Marreco.
Foi uma ótima oportunidade para trabalharmos o olhar para o meio ambiente em que estamos inseridos. Abordamos esse assunto em Sustentabilidade na Educação Infantil, por quê?
Observações com lupa no quintal.
Desde o início do ano, o tema foi incentivado e debatido pelo grupo. As nossas rodas de conversa são um campo fértil para a imaginação e a curiosidade. Nelas, diariamente, as crianças têm acesso ao conhecimento, refletem e chegam a conclusões. São momentos preciosos para conversas, leituras e ateliers. O grupo conversou muito e levantou inúmeras perguntas e hipóteses sobre o processo que transforma a lagarta em borboleta.
Quais as características da lagarta?
Qual é o seu habitat?
Qual a relação que ela estabelece com o seu entorno?
Quais são as mudanças que podemos ver?
Pesquisas e livros científicos entraram na nossa roda. E quanto sucesso eles fizeram.
O meio ambiente é sempre um assunto interessante e importante, tanto nos livros quanto fora deles. Não perdemos a oportunidade de abordar e valorizar, trazendo a teoria para a nossa realidade.
As perguntas lançadas desafiaram nossos pequenos cientistas:
Como podemos cuidar da nossa lagarta?
Do que ela precisa para se transformar em uma linda borboleta?
Leia no blog da Escola Viva - Projeto da Implantação Bibliotecas Escola Viva
A BNCC (Base Nacional Comum Curricular) define os campos de experiências que devem ser trabalhados nos grupos de cada faixa etária. Nos Grupos Laranjas - crianças de 3 a 4 anos de idade - o estudo das Lagartas e Borboletas possibilitou o trabalho em vários dos campos:
Utilizando a Base Nacional Comum Curricular como nosso norteador, estabelecemos os campos de experiência e, a partir do tema (A Lagarta e a Borboleta), trabalhamos esses conceitos, possibilitando vivências, atividades, criações, experiências…
Vamos descrever aqui algumas atividades que ajudaram a possibilitar este trabalho para demonstrar como, na prática, a teoria acontece. Leia também em Como acontece o Construtivismo na prática.
Regularmente, nos reunimos, individualmente e em grupo, com as famílias, para contar e mostrar a produção das crianças na Escola. O trabalho de sala de aula é registrado e apresentado em infográficos e fotos para que todos possam participar, também em casa, das pesquisas e conquistas de cada criança.
Veja abaixo alguns dos infográficos apresentados na nossa reunião com as famílias dos Grupos Laranjas.
Leia no blog da Escola Viva - Como as famílias podem colaborar para o processo de alfabetização das crianças em tempos de pandemia.
Diariamente, o grupo se reúne em rodas de conversa. A roda é um momento para acertar os combinados, falar sobre a rotina do dia, resolver conflitos, contar experiências, exercitar relatos, falar dos temas de pesquisa do grupo. Nesses momentos, as conversas e manifestações acontecem espontaneamente. Colocamos as lagartas na roda. As crianças observaram, e logo as primeiras considerações surgiram:
“Parece gelatina, porque é mole”
“Acho que mora embaixo da terra”
“Achei a minha em cima da terra”
“Parece minhoca”
“Parece cobra”
“Ela parece um túnel”
“Ela rasteja”
“A cabeça dela é bem pequenininha”
Depois de observar e saber mais sobre as lagartas nos livros que apresentamos ao grupo, resolvemos fazer um habitat para as nossas lagartas. Diariamente, cuidamos delas, levando folhas de maracujá frescas e algodão com água. Observamos como elas comiam e como se mexiam. O grupo estabeleceu uma forte ligação com o projeto e envolveu-se diariamente com essa nova tarefa na nossa rotina.
São diversas as linguagens expressivas que utilizamos para registrar e expressar o que estamos conhecendo e vivenciando.
Fizemos uma lagarta individual com papel. Cada criança escolheu as cores e colocou os olhos na sua lagarta.
Construímos um grande mural, com uma árvores, onde as lagartas foram morar. Cada um escolheu o lugar onde moraria a sua lagarta. Todo o mural foi confeccionado com a colaboração das crianças do grupo.
Do grupo, também nasceu uma lagarta coletiva. Exercitando a experiência de trabalhar em conjunto. Construir, pintar, colar e desenhar. Depois, o grupo batizou a lagarta com o nome de “Astrazeneca”, e para ela morar, escolheu o espaço do coelho, lugar muito querido pelas crianças.
Curiosos, nossos pequenos cientistas acompanharam diariamente a formação do casulo, à espera por alguma mudança. Compartilhamos a ansiedade e preocupação com os casulos ficarem muito tempo sem apresentar alteração alguma. Exercitamos a paciência e a espera, tão importantes na natureza.
Assistimos a um vídeo, conhecemos imagens de casulos e também ouvimos muitas histórias.
Construímos um ‘casulo’ de tecido que foi pendurado em uma das nossas árvores no quintal. E, com ele, pudemos viver, no nosso corpo, a experiência de ficar em um casulo, encolhido e quietinho. Utilizamos também tecidos tubulares individuais para proporcionar às crianças a vivência do casulo.
Foi muito importante trazer para o corpo essa informação, trazer para o concreto esse conhecimento.
Afinal, em um dia de sol, nos surpreendemos com a chegada da nossa borboleta, laranja e linda!
Foi um momento muito emocionante para todo o grupo.
O grupo escolheu o lugar do coelho para ela voar. O momento foi oportuno para lançarmos a pergunta:
“Como ela sai do casulo?”.
Logo, as crianças surgiram com várias ideias:
“Vem um meteoro! E ela quebra o casulo!”
“Ela faz força, força, força e sai do casulo”
“Ela tinha um defeito…Aí, quando ela foi descer, ela escorregou e caiu no chão da caixa!”
Ao longo dos dias, acompanhamos muitas borboletas.
Atualmente, o grupo observa um novo casulo. Em breve, novas borboletas.
E, nós, observamos, atentos, essa nova experiência.
Dessa forma, dia a dia, o trabalho com o tema é construído. Na sala de aula, no quintal, em casa com as famílias… Produto de curiosidade, observação, cuidado, experiência e vivência.
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