Sonia Tokitaka
Assessora da área de Ciências da Natureza e Sustentabilidade
Antes de entrarmos no tema propriamente dito, cabe a pergunta: o que estamos chamando de sustentabilidade?
Faz sentido a explicação, afinal, amplamente difundido e empregado exaustivamente, o termo sustentabilidade está presente em várias esferas de circulação e nos deparamos com ele rotineiramente, em discursos políticos, propagandas comerciais de inumeráveis produtos, projetos institucionais, planos de governo…
Um panorama histórico
Sustentabilidade tem sua origem nas ciências biológicas e, até os anos de 1970, circulava de forma restrita à área, empregada especialmente no campo da biologia populacional, guardando relação com a resiliência dos ecossistemas frente a distúrbios, naturais ou por ação humana.
O divisor de águas entre a origem do termo na Biologia e seu uso como adjetivo para caracterizar o desenvolvimento das sociedades humanas foi a publicação do Relatório Nosso Futuro Comum, pela Organização das Nações Unidas, em 1987. Nele, a expressão “desenvolvimento sustentável” emergiu publicamente, enunciado como um modelo de desenvolvimento socioeconômico, com justiça social e em harmonia com os sistemas de suporte da vida na Terra, capaz de suprir as necessidades dos seres humanos da atualidade, sem comprometer a capacidade do planeta para atender às futuras gerações.
Nas décadas seguintes, as produções acadêmicas e reflexões críticas em fóruns diversificados vêm alimentando discussões, problematizando desenvolvimento, crescimento econômico, necessidades humanas, capacidade de suporte, indicadores e métricas. Resultaram em superações e ampliações de ideias e conceitos, em consensos e também divergências.
Pauta ampliada
Ao longo do tempo, o foco inicial na conservação ambiental ganha amplitude num entendimento mais amplo de que sustentabilidade não dissocia os sistemas ecológicos dos sociais, mas os inter-relaciona. Ou seja, sustentabilidade não trata apenas de relações com o ambiente natural, mas também de relações sociais
Nesse percurso histórico, para alguns autores, sustentabilidade está longe de ser um conceito, mas pode ser entendida como a emergência de um valor e é assim que a consideramos no projeto da Escola Viva.
Valor que precisa ser assimilado e tem avançado em seu processo de legitimação ao longo das últimas décadas, a Agenda 2030 constitui um marco importante deste reconhecimento. Nela, estão inseridos os 17 Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
Em 2015, 193 países se comprometeram com a Agenda 2030 - documento da ONU que prevê 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável.
Como vimos afirmando em outras oportunidades, incorporamos os Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (ODS), pactuados pelos países-membros das Nações Unidas, como norteadores de um diálogo e articulação entre seus temas com os objetivos de aprendizagem dos diferentes componentes curriculares. Entre os objetivos e sua articulação com as demais dimensões do projeto: gestão e espaço físico.
Por que o currículo não basta? Sustentabilidade como valor.
Entender a sustentabilidade como valor implica em reconhecer que ele deve impregnar a Escola, ou seja, sua diluição no âmbito dos componentes disciplinares, na rotina da instituição, na atmosfera da vida escolar.
A Escola Viva entende que o currículo tem papel central na formação dos seus estudantes, mas é preciso ir além, ou seja, é necessário integrar a dimensão curricular, a gestão e o espaço físico. É no contexto destas dimensões e da ampliação das temáticas da sustentabilidade que estão compreendidas as práticas nesta área em nossa escola.
Laboratório de Biologia
Práticas de Sustentabilidade
As três dimensões se inter-relacionam e serão nossos desafios permanentes. Geralmente funcionam como uma engrenagem onde o movimento de uma altera as demais. Se do ponto de vista técnico, estudos atualmente em curso buscam melhorar a gestão da energia e dos resíduos que produzimos, do ponto de vista pedagógico, nos segmentos, há trabalhos que problematizam o consumo, diagnósticos que identificam desafios e questões da nossa escola, encaminhamentos das questões percebidas para a coordenação e sugestões para elas acontecerem em todos os segmentos.
Atividade Grupo Azul - Educação Infantil
De projetos de alunos e alunas que investigaram a flora da escola e reivindicaram mais verde, nasceram intervenções no espaço, diálogo com o paisagismo para incorporar novas espécies para ampliar a biodiversidade e favorecer polinizadores, além dos benefícios que a vegetação traz ao ambiente e às pessoas.
Plantio na escola
A avaliação técnica das árvores e dos animais que criamos na escola são responsabilidade da gestão, mas que não ficam restritas a ela, repercutem no pedagógico, envolvem a comunidade. Comunicar o cuidado é uma prática importante.
Galinheiro Unidade Infantil
O currículo e suas oportunidades
Além das disciplinas tradicionais, as Trilhas investigativas e Propostas Integradas têm gerado projetos que aliam pesquisa e ação, com temas como mudanças climáticas, criação de abelhas nativas, agricultura urbana, alimentação, consumo, mobilidade, energia.
Horta
Meliponário Escola Viva
Visita Meliponário público
Nos Estudos de Meio, oportunizamos situações para contato com outras comunidades e seus saberes, aprendemos com eles, permitindo perceber o entrelaçamento entre biomas, culturas e desafios de conservação.
Estudo do meio - 7º ano - Paraty
Estudo do meio - 8º ano - Petar
Há ainda temas e propostas que nascem da percepção e protagonismo dos alunos e alunas, como o Viva Por Elas, e que colocam em pauta questões fundamentais na pauta de uma sociedade que se pretende sustentável.
Evento - Coletivo Feminista - Teresa Cabral
Cabe pensar que desafios geralmente envolvem interesses, pontos de vista, informações de diferentes campos, exigem discussões e busca de soluções nem sempre fáceis, mas não “fugir da briga” talvez seja uma prática da sustentabilidade que mereça destaque em nossa escola.
Projeto Land Art - Semana de Sustentabilidade Viva
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