Francisco Ferreira
Direção Pedagógica Escola Viva
Planejar um projeto de vida e escolher uma carreira são a mesma coisa? Durante muito tempo, entendeu-se que sim. A equivalência entre essas duas atividades enfatizava que a dimensão profissional era a única que merecia ser considerada nas decisões que os jovens precisavam tomar acerca do seu futuro.
Esta perspectiva estava associada a duas premissas: o estudante era um sujeito com pouca ou nenhuma participação ativa na construção do seu percurso escolar; e a escola deveria ter como principal missão formar pessoas para o mercado de trabalho.
A crítica a essa perspectiva está fundamentada no conceito de protagonismo juvenil, ou seja, na ideia de que os jovens devem ser autores da própria história e, para isso, devem constituir um conjunto de conhecimentos, competências e habilidades que lhes possibilite fazer a gestão do seu percurso formativo. Além disso, significa também reconhecer a relevância de outras dimensões da vida em sociedade além do mundo do trabalho: as relações interpessoais e o exercício da cidadania.
Definir um projeto de vida significa, portanto, articular todas essas dimensões e analisar criticamente o que queremos para nós mesmos e para o mundo em que vivemos. Em outras palavras, as escolhas que os jovens fazem acerca dos modos de viver impactam não apenas as suas histórias individuais, mas também a coletividade e o bem comum.
Isso significa que “cabe às escolas de Ensino Médio proporcionar experiências e processos que lhes garantam as aprendizagens necessárias para a leitura da realidade, o enfrentamento dos novos desafios da contemporaneidade (sociais, econômicos e ambientais) e a tomada de decisões éticas e fundamentadas”. (BNCC, p. 463)
O vestibular é o processo seletivo para ingresso no ensino superior no Brasil. A maioria dos jovens que estuda em escolas particulares tem o objetivo de cursar uma faculdade, por isso, os exames de ingresso constituem-se em um desafio relevante.
Embora o vestibular esteja mais diretamente ligado à dimensão profissional, cada vez mais a escolha de uma carreira deve estar associada a um propósito mais abrangente, que inclua preocupações com aspectos políticos, sociais, produtivos, ambientais e culturais. Ou seja, considerando-se as questões críticas com as quais nos deparamos no mundo contemporâneo, espera-se que os jovens, ao escolherem o seu curso de graduação, reflitam sobre como os conhecimentos construídos ao longo dessa formação podem ser mobilizados não somente para a atuação no mundo do trabalho, mas também para a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável.
A escolha é o primeiro e mais importante aspecto deste processo seletivo para ingresso na universidade - e é possivelmente a parte mais complexa. Qualquer escolha pressupõe um repertório relativamente amplo; se a sua experiência é restrita, não há, de fato, uma escolha, mas sim um direcionamento para um determinado objetivo.
O Ensino Médio deve oferecer aos estudantes uma ampla gama de experiências formativas, que incluam, por exemplo, participar de fóruns de debates, fazer exames simulados, escrever textos argumentativos, apresentar-se em uma peça de teatro, tocar em uma banda, programar um aplicativo, jogar em uma competição esportiva, publicar um artigo científico.
A Escola Viva oferece aos seus estudantes esta amplitude de experiências, para que eles possam desenvolver um conjunto diversificado e aprofundado de conhecimentos, competências e habilidades e, ao mesmo tempo, possam apreciar diferentes possibilidades de atuação no mundo.
Desta forma, eles vão construindo, de forma gradual, uma reflexão acerca do seu propósito e dos aspectos que os mobilizam, enriquecendo o seu repertório.
Feita a escolha, há que ser capaz de exercê-la efetivamente. E isso demanda disciplina, foco, persistência e capacidade de realização. Por isso, ensinamos a nossos estudantes formas de planejamento e organização pessoal e orientamos regularmente que definam objetivos claros e os meios de alcançá-los, avaliando, a cada momento, os resultados de suas ações e iniciativas. Também enfatizamos a importância de que tenham altas expectativas a respeito de seu próprio desempenho.
Participar de processos seletivos de ingresso no ensino superior demanda também treinamento específico em relação ao Enem e aos principais exames vestibulares. Por isso, introduzimos na rotina a realização de simulados, para que nossos alunos e alunas possam aprender a lidar com a administração do tempo e da pressão, aspectos que impactam o desempenho em provas desse tipo, além de se familiarizarem com o formato do exame.
Também oferecemos, no segundo semestre da 3ª série, a possibilidade dos estudantes cursarem o cursinho do Intergraus, um dos mais renomados do Brasil. O objetivo é que possam retomar os principais conteúdos solicitados em exames vestibulares e se preparar adequadamente para esse desafio.
Temos clareza, entretanto, de que o vestibular é um momento específico, sem dúvida muito relevante por se tratar da porta de acesso ao ensino superior, mas, ainda assim, apenas um dos elementos dentro do processo mais abrangente de construção de um projeto de vida. Outras dimensões precisam ser consideradas e um conjunto mais amplo de conhecimentos, competências e habilidades precisa ser articulado e mobilizado para que os alunos e alunas possam definir o papel que pretendem desempenhar na sociedade em que vivem.
A competência acadêmica é certamente um elemento fundamental do repertório de alunos e alunas e impacta de forma significativa as escolhas que eles e elas podem fazer ao final da educação básica. No entanto, é fundamental definir um propósito que dê sentido à jornada neste mundo e conecte os objetivos individuais com a construção de uma sociedade mais justa, igualitária e sustentável.
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