por Flávia Montagna
Coordenadora Educação Infantil da Escola Viva
Essa é uma pergunta frequente que algumas famílias fazem antes de matricular seus filhos em uma instituição escolar.
Mas afinal, o que elas fazem?
Se elas só brincam, como vão aprender?
Qual a diferença entre estar na escola e ficar em casa com familiares até a idade obrigatória?
Bom, para começo de conversa, é importante contextualizar que, há alguns anos, a obrigatoriedade da entrada da criança na escola passou de 5 para 4 anos de idade. Conquista importante, uma vez que estamos falando de um país como o Brasil, diverso e cheio de singularidade ao longo de toda a sua extensão.
Recentes estudos em neuropsicologia têm nos comprovado algo que já sabíamos: a importância da primeira infância na vida de uma criança. É nessa tenra idade que ela adquire as ferramentas fundamentais para que cresça e se desenvolva com segurança e autonomia, valores caros para nós educadores.
Colocar uma criança pequena na escola implica também em um grande desafio para os familiares: agora a criança não está só sob os cuidados e olhares da família, mas também sob a responsabilidade da escola, dos seus professores e educadores.
Essa passagem, do que acontece em casa para o que acontece em um ambiente no qual existem crianças de outras famílias, professores desconhecidos e toda uma rede de pessoas que não lhe são familiares, não é uma tarefa fácil. Tarefa de delegar algo que lhe é tão precioso.
Os motivos são inúmeros!
De alguns anos para cá, as ações de cuidar e educar uma criança na pré-escola ou berçário vêm sendo revistas e reafirmadas conforme o que estamos descobrindo sobre a importância dessa fase do desenvolvimento. Se antes isso significava manter a criança pequena limpa, alimentada e segura, hoje isso não é suficiente.
Educar e cuidar são duas ações que caminham juntas, lado a lado.
Trocar uma fralda é tão importante como planejar e executar uma atividade de leitura ou uma proposta de atividade de música, por exemplo. É neste ato, que o professor ou a professora, junto com a criança, conversa sobre acontecimentos do dia, pede licença para limpar seu corpo, brinca, ou seja, traz laços de confiança, segurança e respeito.
É a partir dessas e outras interações que a criança e seu professor estão criando juntos, uma relação permeada pelo cuidar e o educar.
É dentro desse contexto que professor/a e escola devem promover práticas cotidianas nas quais a criança seja respeitada, escutada, considerada, oferecendo propostas que sejam pertinentes ao seu aprendizado e desenvolvimento.
Aprender a estar em grupo, conviver com a diferença, fazer amizades, saber mais sobre como é dividir os brinquedos, ocupar o mesmo espaço, estar inserido em um ambiente que tem regras e combinados, são fatores que permitem que a criança vá construindo suas próprias perguntas e hipóteses sobre o mundo, avançando na complexidade do aprendizado sobre si e sobre o outro.
O fazer cotidiano da escola para crianças pequenas é pautado em duas ações fundamentais: a interação e a brincadeira.
A interação diz sobre como ela vai se relacionar com o colega, o espaço, os objetos que lhe cercam, com quem ela encontrar ali.
A brincadeira? Esse é um capítulo à parte!
“A interação durante o brincar caracteriza o cotidiano da infância, trazendo consigo muitas aprendizagens e potenciais para o desenvolvimento integral das crianças.
Ao observar as interações e a brincadeira entre as crianças e delas com os adultos, é possível identificar, por exemplo, a expressão dos afetos, a mediação das frustrações, a resolução de conflitos e a regulação das emoções. “ (Base Nacional Comum Curricular)
Esse trecho nos revela como estar em uma ambiente escolar atento e cuidadoso é tão precioso, mesmo para as crianças tão pequenas.
Desde seus primeiros passos, estar na escola, significa então, estar em um ambiente preparado e cuidado para educá-las, cuidá-las e desenvolver as suas potencialidades.
Conheça a Educação Infantil da Escola Viva.