por Daniela Munerato, Coordenadora Pedagógica F1, e Marília Costa, Diretora Pedagógica, da Escola Viva
É frequente que as pessoas entendam o conflito como algo negativo, ruim… Algo que queremos evitar porque é muito desconfortável e ameaçador!
Ao mesmo tempo, todos nós reconhecemos que os conflitos também podem nos ensinar de inúmeras maneiras! Por meio deles, por exemplo, podemos aprender sobre as diferentes formas de ser e de pensar!
É verdade que não é nada confortável conviver com pessoas que são muito diferentes de nós, ou simplesmente que têm ideias, ou formas de reagir às situações e de expressar sentimentos muito distintas das nossas próprias.
Contudo, é essa diversidade que traz os desafios que nos impulsionam a aprender sempre mais a respeito de nós mesmos e dos outros, e nos permitem conviver socialmente de forma saudável.
Mas, então porque muitas vezes o conflito se transforma em confronto, embate, com reações impulsivas, submissas ou agressivas?
Geralmente, é porque não desenvolvemos habilidades e competências para conviver de forma saudável em um mundo complexo e diverso. Falta controle interno e há pouca autonomia moral, ou seja, as regras e valores não estão internalizados a ponto de regularem o comportamento e produzirem relações interpessoais produtivas e respeitosas.
Segundo os pesquisadores da Collaborative for Academic, social and emotional Learning (CASEL), ao longo do crescimento humano, desenvolvemos competências e habilidades sociais e emocionais para lidar com as diferentes situações da vida e, aos poucos, vamos aprendendo a:
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Reconhecer as próprias emoções, valores, limitações (autoconhecimento);
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Perceber a emoção do outro, aceitar sentimentos diferentes dos seus, apreciar a diversidade e respeitar o próximo (consciência social);
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Identificar, analisar e refletir sobre problemas, tendo atitudes baseadas em preceitos éticos e morais (decidir de forma responsável);
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Formar parcerias produtivas pautadas no compromisso, na cooperação, na comunicação efetiva, na flexibilidade para negociar acordos (habilidades de relacionamento);
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Autogerir o comportamento e as emoções, com organização, humor e criatividade (autocontrole).
Esse desenvolvimento resulta da interação entre inúmeros fatores, que podem estar relacionados à nossa genética ou aos aspectos biológicos, como questões estruturais do cérebro, hormônios, etc, ou ainda a fatores psicológicos, sociais e culturais.
A história de vida de cada um influencia de forma positiva ou negativa o desenvolvimento social, emocional e moral.
Portanto, a família e a escola têm enorme responsabilidade nesse complexo processo de crescimento.
Como podemos ajudar?
Há inúmeros estudos sobre isto, mas vale aqui destacar alguns aspectos:
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Desde pequenos, é importante que as crianças sejam estimuladas a verbalizar o que pensam e sentem, assim como a dialogar com seus colegas e adultos de sua convivência para desenvolver empatia, reconhecendo nos outros sentimentos e emoções;
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Também é fundamental valorizar as potencialidades e os êxitos individuais e coletivos, para que crianças e jovens desenvolvam um autoconceito positivo;
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É necessário que tenham liberdade para tomar decisões, mas precisam simultaneamente entender que há responsabilidades e limites envolvidos nesse exercício de autonomia;
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O diálogo e a reflexão devem ser práticas constantes, pois favorecem a compreensão das regras e valores que regulam a convivência social, o desenvolvimento de controle interno, da cooperação, do cuidado de si e dos outros, e do raciocínio crítico.
Para concluir, é importante enfatizar que o conflito sempre existirá, é saudável e necessário para o desenvolvimento humano. Não deve ser evitado! No entanto, aprender a lidar com as situações de conflito requer ações intencionais e constantes, por parte das famílias e das escolas, tendo como foco o desenvolvimento de habilidades sociais e emocionais.
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