por Kátia Keiko Matunaga - Coordenação Pedagógica de Educação Infantil da Escola Viva
Você se lembra da sua escola? Como ela era? Havia espaços ao ar livre e contato com a natureza? Como eram as salas? Tinham mesas ou carteiras? Você tem memória de cheiros, texturas, sons e paisagens? Você tinha algum cantinho preferido? Algum lugar que dava medo? Havia tanques de areia, brinquedos e árvores? Existia uma biblioteca? Havia áreas de convivência e sala de música? Existiam lugares de recolhimento e de aconchego?
Embora nossa lembrança da escola possa estar distante no tempo, muitas vezes, guardamos na memória espaços, lugares e sensações que nos acompanham por toda a vida.
Atualmente, muitas crianças e adolescentes passam a maior parte do seu tempo no espaço escolar, que, portanto, precisa ser, em primeiro lugar, um ambiente de respeito e acolhimento às necessidades das diversas idades.
Além disso, também precisa provocar a curiosidade, de forma que instigue a exploração, a pesquisa e que propicie a convivência.
Na Escola Viva, várias dimensões do espaço são importantes: é preciso que seja acolhedor para quem chega e para quem já o habita; é preciso contemplar espaços sociais e de convivência e ambientes que propiciem o desenvolvimento de projetos em diversas linguagens: atelier, biblioteca, sala de culinária, sala de música, laboratórios, espaços para atividades de expressão corporal e para a prática de esportes, para as artes cênicas, entre outros.
Na nossa escola, todos os ambientes - e não só a sala de aula - são planejados e cuidados e comunicam o que se passa por ali.
Todas as salas e murais da escola, por exemplo, são ocupados por produções dos estudantes e projetos aqui desenvolvidos.
E por falar em sala de aula, ela também é um espaço que, na nossa concepção, pode e deve ser alterado em função do planejamento e dos objetivos de cada momento.
As nossas salas não precisam - e nem devem - estar sempre organizadas da mesma forma. A organização do espaço deve atender sempre ao melhor aproveitamento da aprendizagem dos alunos e alunas.
A organização do espaço físico de uma escola é, portanto, a marca do seu projeto político- pedagógico na medida em que revela a concepção que permeia as práticas pedagógicas.
Outro aspecto relevante quando pensamos em espaço escolar é a dinâmica que se estabelece na ocupação dos territórios.
As crianças e adolescentes vivem na escola as primeiras experiências de convívio em espaço público: há que se dividir campo de futebol, quadra e espaço no tanque de areia; há que se respeitar o lugar dos mais velhos e ter cuidado com os mais novos; há que se cuidar do que é de todos e todas.
Tudo isso implica em empatia, escuta, negociações e regras. Implica no comprometimento de alunos e alunas, professores e professoras, colaboradores, colaboradoras e famílias. Campo fértil para o exercício da cidadania.
Na Escola Viva, cada cantinho, cada objeto, cada lugar tem uma história.
A casa da árvore (na Unidade Infantil 664) nasceu de um projeto de famílias; o "Clubinho" (na Unidade Fundamental) nasceu de um pedido dos nossos alunos e alunas; muitas das árvores do do nosso quintal foram plantadas pelas nossas fundadoras… cada cantinho de cada uma das nossas unidades carrega uma história…
Muitos espaços de convivência foram pensados para o Fundamental 2. O espaço do Ensino Médio fica em uma área mais preservada da movimentação dos menores.
Cada uma das bibliotecas é adequada à faixa etária que atende. Nosso espaço está em constante transformação e, ao mesmo tempo, tem preservadas a sua marca conceitual e estética.
O espaço pode ser organizado de forma a funcionar como lugar de vigilância e controle - um lugar de disciplinar corpos (e mentes) - ou, como na Escola Viva, um lugar que favoreça a interação, a autonomia, a comunicação e a criatividade.
Como já disse Rubem Alves: "Há escolas que são gaiolas. Há escolas que são asas".
Nós, da Escola Viva, escolhemos ser asas!
Asas e espaços que permitem lindos voos há quase 50 anos!
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Desenvolvendo competências socioemocionais na escola