por Paula Oliveira - Professora de apoio - do 8° ano ao Ensino Médio e mãe do Pedro Cesar, "o desenhador"
Recentemente, uma aluna da 3° série de Ensino Médio da Escola Viva me procurou para contar que, no fim de semana, foi convidada para a festa de aniversário de um amigo, e que ele tinha dado o primeiro pedaço de bolo para ela.
Esse singelo relato tocou meu coração de uma forma profunda, porque, neste momento, os estudantes do Ensino Médio estão às voltas com os estudos para o vestibular, inquietos com as incertezas do futuro, encerrando um ciclo importante de suas vidas, mas a singularidade desse amigo revestiu de encanto e afeto um gesto cotidiano característico de uma festa de aniversário que, em “tempos líquidos”, muitas vezes não são mais celebradas de modo tradicional.
Conviver com a diversidade nem sempre é um caminho linear, pleno de encontros e trocas entre estudantes; muitas vezes há frustrações, estranhamento, impasses e indagações, seja por parte de quem sente na pele olhares, discursos capacitistas ou distanciamento, seja por parte de quem se depara com a diferença e com todos os impactos que ela provoca.
Quando alguém se abre para o encontro e para as possibilidades que essas trocas podem suscitar, assim como em toda experiência humana, terá a oportunidade de se deslocar em perspectivas, porque, na experiência de convívio com a diferença, eu preciso me colocar em movimento, talvez despir-me de verdades absolutas, vislumbrando um mundo interior que poderá me surpreender sempre.
Nesse movimento de pensar e sentir sob outras perspectivas, eu posso aprender que empatia não é apenas um gesto de solidariedade, mas uma oportunidade de aprender sobre outros modos de existir, sobre desafios que jamais pensaria em enfrentar e ser tocado de modo único e inesquecível.
Como um pedaço de bolo.
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