por Kátia Keiko Matunaga
Coordenação Pedagógica Infantil da Escola Viva
“Nossa, que legal essa construção!
Cuidado! Essa é uma armadilha para pegar os vilões!”
“Ela não quer ser a nossa mãe e ninguém quer.
É porque eu tô ocupada.
Então a mãe tava trabalhando, e eu era a babá.”
“Não pode entrar. Aqui tem regras.
Esse restaurante é só de crianças, e as panelas estão muito quentes.”
O Quintal: um mundo de brincadeiras
Nas minhas voltas diárias pelo Quintal, sempre me deparo com um mundo de brincadeiras, contextos e situações de faz de conta. Mundos de fantasia imaginados e vividos pelas crianças.
Essas brincadeiras acontecem com os mais diversos materiais (não necessariamente brinquedos) e em todos os cantinhos possíveis.
Há também as brincadeiras coletivas, os desafios corporais, as voltas e complexas manobras no nosso “famoso” jipe vermelho…
Há ainda os que estão ocupados em juntar folhas, flores, os que contemplam…
Nossas memórias de brincar
Quem de nós não traz alguma memória gostosa da infância desse tempo de brincar?
Quais eram as nossas brincadeiras preferidas? Onde aconteciam? Com quem?
Em geral, nas formações de professores, quando fazemos esse tipo de levantamento, aparece sempre uma riqueza infinita de exemplos de experiências, situações e emoções.
Poucas vezes essas lembranças estão associadas a brinquedos, normalmente estão relacionadas a pessoas, espaços e contextos.
A importância do faz de conta
Envolvidas pelo faz de conta, as crianças revivem e elaboram situações do mundo adulto.
Nos jogos, as crianças aprendem o valor das regras; no Quintal, negociam com os amigos e amigas a ocupação do espaço, a utilização dos brinquedos...
A mediação do adulto está sempre presente, mas elas têm oportunidades para buscar resoluções por elas mesmos diante dos conflitos.
Nos desafios corporais, elas desenvolvem a consciência corporal e aprimoram o domínio motor.
Mas tudo isso é apenas o jeito adulto de ver o brincar.
A criança leva a brincadeira a sério
Quando brincam as crianças não pensam em nada disso!
Elas estão inteiras e imersas.
Vivem o momento com toda intensidade e seriedade que ele exige! Por isso essas experiências deixam marcas que permanecem pela vida toda…
Segundo o pediatra e psicanalista inglês W. Winnicott, na obra "O Brincar e a Realidade":
“É no brincar e talvez apenas no brincar que a criança ou o adulto fluem sua liberdade de criação e podem utilizar sua personalidade integral e é somente sendo criativo que o indivíduo descobre o eu.”
Pelo direito de brincar
Construímos cotidianamente uma escola em que a criança tem preservado o direito de brincar e de ser criança.
O direito à fantasia, ao devaneio.
O direito de criar, conviver e se divertir.
E também de discordar, se frustrar e até de se aborrecer.
Na brincadeira para valer, nem sempre dá tudo certo! E faz parte da dinâmica o “ficar de mal” e o fazer as pazes.
A infância vivida todos os dias
Construímos uma escola em que as infâncias (que são múltiplas, assim como são as crianças) são respeitadas e vividas todos os dias.
Dia Mundial da Infância
No dia 21 de março, comemoramos o Dia Mundial da(s) Infância(s).
A iniciativa para a criação desta data foi do Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef), com o objetivo de conscientizar pais, mães, responsáveis e governantes sobre a importância de garantir uma boa formação social, educacional e de valores para as crianças.
Diferente do Dia das Crianças, a comemoração não tem cunho comercial, mas nos convida à reflexão sobre o tema.
Pelo direito de brincar
Nesse dia, em que infelizmente nos lembramos de tantas crianças cujo direito de brincar foi demovido pelos mais diversos motivos, a Escola Viva reassegura seu compromisso com a escuta e a valorização das brincadeiras das nossas crianças.
Seja nas armadilhas para os vilões, nos cuidados das mamães e filhinhas ou nos espaços em que adultos não entram.
E, quando entrarem, que seja com todo o respeito que nossas crianças merecem.
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