por Daniela Munerato
Coordenadora do Fundamental 1 (1º e 2º anos) da Escola Viva
Quem nunca ouviu o comentário: "em que tempos estamos vivendo…" diante de episódios do cotidiano que nos causam estranhamento, quase como se, em seguida, viesse um "não era assim".
Pensando no espaço escolar, desde que as portas foram reabertas, progressivamente nas oscilações da pandemia, junto às crianças e aos adultos, vieram os medos, as aflições, as diferentes experiências vividas por cada um. Um momento histórico que trouxe mudanças culturais, de normas e estilos de vida.
Compreendemos o sentido da saudade
Em nome da saúde, ninguém mais se encontrou, cada um precisou ter o seu material e não era indicado emprestar, trocar, ficar perto… e abraçar, então, nem pensar…Compreendemos o sentido da saudade em contexto significativo, e a noção de tempo foi tema de discussão, porque ninguém sabia quando as situações do dia a dia poderiam voltar a acontecer. Nos fechamos nos receios, ficou faltando o espaço coletivo e a construção de valores fundamentais para viver em grupo.
Esse fato ficou bem claro quando nos reencontramos na escola, e a palavra faltou porque para muitos, durante muito tempo, não precisou ser utilizada para entrar em acordo, justificar, ceder ou quando um fechou os olhos para não conversar com um amigo sobre um conflito.
Notamos que a noção de espaço foi perdida, e os atropelamentos aconteceram entre os corpos com maior frequência, os sentimentos intensos foram revelados e, sem saber o que fazer com eles, tivemos respostas como o choro, o físico respondendo antes da verbalização, em direção aos adultos e crianças, revelando a não antecipação que afetaria o outro, já que a necessidade de aliviar a tensão "falou mais alto".
O contorno da palavra NÓS
Diante desse cenário, vimos a necessidade de diminuir o contorno da palavra EU e encontrar a força na palavra NÓS, com a urgência e a necessidade desse cuidado com o coletivo.
Desde o início do ano, atividades pontuais foram inseridas na rotina, como as rodas de convívio e as atividades com os focos coletivos. Mas decidimos fazer um aprofundamento nos temas, com o planejamento de uma semana totalmente diferente, envolvendo as turmas de primeiros e segundos anos, professores especialistas e polivalentes.
Notamos a riqueza de formarmos a cada dia novos grupos e estabelecermos novos vínculos, o cuidado com as relações, o exercício do aproximar-se, deixar-se conhecer.
A linha da “polidez”
A "costura" das propostas vividas tem como linha a virtude da "polidez", ou seja, da boa educação: cumprimentando, pedindo licença, aguardando para falar, respeitando a fala do outro, aceitando não ser o primeiro da fila e lidando com um sentimento que temos notado estar muito difícil de ser enfrentado e que é fundamental para o crescimento, o convívio e a conquista da autonomia: a frustração. Fica aqui o convite para falarmos sobre esse tema!
Dinâmicas e reflexões
A semana foi marcada por diversas dinâmicas com reflexões sobre temas muito importantes, como empatia, generosidade, solidariedade e cooperação. Utilizamos livros, lendas, vídeos, atividades manuais, brincadeiras, cirandas entre outras possibilidades.
Para nós, educadores, fica a certeza de que tais atividades precisam fazer parte da nossa rotina e serão ampliadas.
Para as crianças, a certeza de que estão sendo olhadas e que estamos todos juntos, dispostos a ter a flexibilidade necessária para o foco principal: cuidar da gente!
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