Kátia Keiko Matunaga
Coordenadora Pedagógica da Educação Infantil da Escola Viva
Na Escola Viva, a arte é valorizada como uma linguagem que ativa potências fundamentais no sujeito que aprende: o pensamento criativo, a cognição, a consciência do corpo, dos seus movimentos, dos gestos, o conhecimento do mundo com suas cores, texturas, seus cheiros, seus sabores, os instrumentos criados e os muitos que podem ser criados para agir nesse mundo.
A arte é tratada como uma linguagem que permite transformar e, ao mesmo tempo, ser transformada, é uma janela por onde se pode ver o mundo e um espelho, onde é possível refletir-se.
A experiência com a arte, seja de apreciação ou produção, vai sempre nos afetar de alguma forma.
“A arte, como o jogo, é a ruptura com o habitual, com o sabido. Toda percepção estética deixa rastros em nós. O fato de a arte ser um lugar de experiência significa que as crianças e, nós, os adultos, aprendemos algo mais acerca de nós mesmos e do mundo, além de nos comovermos ou desfrutarmos. Ninguém volta do encontro com a arte sem algum ganho emocional, estético, subjetivo ou cognitivo (ou todos eles juntos).” (Maria Emília Lopez, em “Um mundo aberto: cultura e primeira infância”).
Nos últimos anos, avançamos muito em estudos, pesquisas e boas práticas em relação à arte na escola. O fato é que, hoje, a própria Base Nacional Comum Curricular (BNCC), que dá as diretrizes para o ensino básico, reconhece que, "com base nas experiências artísticas, as crianças se expressam por várias linguagens, criando suas próprias produções artísticas ou culturais, exercitando a autoria (coletiva e individual) com sons, traços, gestos, danças, mímicas, encenações, canções, desenhos, modelagens, manipulação de diversos materiais e de recursos tecnológicos. Essas experiências contribuem para que, desde muito pequenas, as crianças desenvolvam senso estético e crítico, o conhecimento de si mesmas, dos outros e da realidade que as cerca”.
Cabe lembrar que para exercitar a autoria e colocar em ação seu potencial criativo, há que se considerar a criação artística como um processo. Dessa forma, não há ênfase apenas nos resultados, mas sobretudo nos percursos criativos.
Há caminhos, há desvios, há atalhos. Há mistérios, silêncios e turbulências, o percurso criativo é único.
E qual é o papel do professor e da professora?
O professor ou professora não é mero observador do processo criativo de seus alunos ou alunas. Ele é responsável por criar contextos que possibilitem experiências criativas relevantes: apresentar, refletir, explorar materiais diversificados, bem como os procedimentos de uso de cada um, e estar atento às perguntas, às hipóteses, ao desenvolvimento dos projetos são ações que ajudam as crianças a realizar suas ideias.
Também é papel do professor ou professora fazer da arte uma ponte.
A arte pode articular diversas áreas de conhecimento. Pode ser linguagem para comunicar o que os alunos ou alunas aprendem, estar contextualizada nas produções, pesquisas e investigações do grupo e, ao mesmo tempo, ser fonte de novas aprendizagens, porque, como linguagem, traz desafios de muitas ordens, como: escolher, imaginar, organizar e solucionar problemas, por exemplo.
Por fim, ao professor ou professora cabe ainda, por meio da observação apurada e do conhecimento da faixa etária com a qual atua, perceber quais são os interesses, curiosidades, pesquisas e narrativas de seus alunos e alunas.
Identificar esses aspectos permite ao professor criar boas oportunidades para ampliar ideias, pensamentos, imaginação e produção e, sobretudo, permite que assim cada um e cada uma construam seu caminho criativo, seu caminho poético, sua história.
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