Por Carolina Mennocchi
A literatura é um espaço de desacato, capaz de fazer os leitores contornarem riscos e enfrentarem contradições e todos os tipos de perguntas. No ato de ler, um livro se converte em ser vivo capaz de nos interrogar, perturbar e ensinar a olhar zonas ainda nāo compreendidas de nós mesmos. Faz com que os leitores sejam capazes de apreender que a única liberdade que se constrói e a liberdade de pensamento.
(María Teresa Andruetto)
Já há algum
 tempo, vivemos com o queixo no peito, o nariz na tela e as mãos cada vez mais
 rápidas nesse tricô tecnológico que nos rouba o tempo das reflexões. Vivemos
 tempos midiáticos e velozes, a concorrência da tecnologia é intensa, exercendo
 enorme sedução sobre a nossa curiosidade.
A Escola Viva acredita que para o uso consciente e produtivo desse mundo virtual é fundamental investirmos em literatura. Citando o mestre Antônio Candido: “O direito ao acesso à palavra escrita, à leitura é fundamental para a formação do ser humano e corresponde a uma necessidade universal”. Para a nossa Escola este direito sempre foi uma tarefa incontestável ao formar leitores e escritores autônomos, competentes e críticos.
Ao contrário
 do que se profetiza sobre o fim dos livros, o hábito leitor estimula a
 criatividade e a imaginação; fortalece o enfrentamento de variadas situações de
 vida e o sentido da existência; favorece novas aprendizagens e desperta
 curiosidades. Contribui para que crianças e jovens desenvolvam a capacidade
 crítica, se apropriem de um discurso competente e, principalmente, criem
 empatia. Cada texto lido de forma reflexiva estende pontes que ajudam o leitor
 a conhecer e compreender tanto culturas quanto o seu universo interior. Com
 repertório e autonomia, nossos jovens poderão desfrutar dos benefícios dos
 tempos digitais com maturidade e discernimento.
Nossa
 instituição se reafirma diariamente como um ambiente responsável por cultivar o
 indelével valor da leitura e, para compor nossos propósitos de 2020, estamos
 ressignificando as Bibliotecas dos  três
 segmentos (Educação Infantil, Ensino Fundamental e Médio).
Neste mundo
 fluído e flexível, já não basta oferecer uma seleção de obras de qualidade
 literária com diversos gêneros. É nossa responsabilidade formar uma comunidade
 de leitores. Nossos espaços literários devem garantir a todos - discentes,
 docentes, funcionários e familiares/responsáveis - as condições materiais e
 sociais para exercer o direito de se tornar um leitor.
Uma comunidade
 leitora caracteriza-se por ser composta por leitores que conversam sobre o que
 leem, opinam, indicam livros, comentam, compartilham sobre autores e sentem
 prazer nessa troca. Isso gera autoconhecimento, empatia e atitude! Isso gera
 encontros!
Nossos livros
 agora se abrem em roda para receber nossos alunos. 
Estamos
 revendo nosso acervo, organizando clubes de leitura e iniciando os preparativos
 da 7o.edicão da Semana Literária Viva.  Programamos visitas a bibliotecas públicas
 para apropriação do uso da cidade como espaço formador de cidadania. Estamos
 reativando projetos de trocas e doações de títulos por todo o Brasil e  potencializando a formação de nossos
 profissionais para ampliar seus conhecimentos sobre o objeto de ensino, a
 leitura e, ao mesmo tempo, o avanço na sua própria formação enquanto leitores. Além
 de mantermos a regularidade da atividade habitual de leitura, modalidade
 organizativa do tempo didático, de forma sistemática e planejada no nosso
 cotidiano escolar.
Ao longo do
 ano, destacaremos diversas ações literárias reconhecendo na Escola um potente
 cenário de influências e aprendizagens, um centro irradiador e dinamizador das
 práticas de leitura. É necessário tomarmos as rédeas dessa peregrinação mágica
 e caleidoscópica da virtualidade escolhendo delicadamente ao que vamos dedicar
 (ou dividir) o nosso tāo precioso tempo.

							
						